Carta das Comunidades e Entidades Sociais e Religiosas da Foz do Rio Xingu, Porto de Moz

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Nós moradores e entidades Sociais de Porto de Moz, da Foz do Rio Xingu, aqui representados pelas comunidades: Seguidores de Cristo, Santa Luzia, Espírito Santo e São João do Rio Majari, Vilarinho do Monte, Vila Nazaré, Vila Tapará, Vila São Tomé do Maripi, Tauerá, Buiuçu, São Raimundo do Taperu, Espírito Santo e Nossa Senhora Aparecida do Rio Açaí, comunidades do Gloria, São Domingo e Teruçu margem esquerda do Rio Xingu, comunidades Sagrado Coração de Jesus do Rio Turu, Santa Ana do Mutuncaia, São João Batista e Sagrado Coração de Jesus do Rio Maruá, comunidade São Raimundo Nonato do Maxipanã, Santa Luzia de Veiros, do Tacanaquara, comunidade do Paraíso, do Por ti meu Deus, Associação da Pedreira, Associação São Francisco de Assis do Rio Jaurucu, Movimento da Pastoral da Juventude da Igreja Católica, Movimento Jovem, comunidade Jesus de Nazaré do Rio Jaurucu, comunidade do Carmelino, Associação do Rio Majari, São Sebastião da Praia Grande da cidade, Colônia de Pescadores Z-64, Associação dos Pescadores Artesanais de Porto de Moz – ASPAR, Associação do Rio Arimum, Associação de Mulheres do Campo e Cidade de Porto de Moz – EMAMUELLA, Associação da Casa Familiar Rural, comunidade do São Pedro do Aquiqui, EMATER- escritório local, sítio Pedralzinho, Sindicato dos Professores de Porto de Moz, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Porto de Moz, Associação de Remanescentes de Quilombolas do Xingu, Associação do huna, comunidade Maria de Matias da beata da cidade, Paróquia de São Braz, comunidade São Sebastião do Juçara e Associação Comunitária do Juçara, comunidade da Vila Bom Jesus, Associação de Deficiente de Porto de Moz – ADPM, Fundação Viver, Produzir e Preservar, Associação do Mutuncaia, FETAGRI Regional Transamazônica e Xingu, Associação do Acaí, MAB-Movimento dos Atingido Por Barragem, Associação do Teruçu, SAGRI Regional Transamazônica e Xingu, IDEFLOR Regional Transamazônica e Xingu, Movimento de Mulheres Urbana e Rural de Souzel, Comunidade Maria de Mattias Rio Quati, Comunidade São José Colônia Majarí, Associação do Baixo Xingu, Movimento de Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade, Movimento Xingu Vivo para sempre e Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz.

Expressamos que o Rio Xingu representa para nós a vida, o bem estar de todos, com seus recursos naturais e sua beleza e que, sobretudo, ele representa a sobrevivência de seus povos com culturas, crenças, costumes, liberdade e tradições milenares. Ele é para nós fonte de trabalho, de lazer, de caminho, locomoção das famílias, de alimentação. Diante da notícia da possível CONSTRUÇÃO DA BARRAGEM DE BELO MONTE nos causa preocupações que as experiências com hidrelétrica, principalmente a de Tucuruí, o governo não garantiu os direitos as pessoas, não indeniza as pessoas que não tem titulo definitivo, cuja maioria não possui e moram a dezenas e centenas de anos nesta região. O nosso Rio é de água baixa, com a Hidrelétrica vai secar, e assim vamos perder tudo o que temos perder a biodiversidade com seus ecossistemas e sítios arqueológicos, pois haverá um crescimento desordenado, com a perda da flora e da fauna e principalmente da vida aquática. Nesta região há também um grande abandono aos moradores por parte dos governos. Haverá uma perda da água potável, rios vão secar, casas vão desaparecer, inúmeras agressões as florestas e a natureza se sucederão. Outros lugares as águas vão subir e alagar casas gerando fome e doenças as populações, haverá um desequilíbrio social e ambiental na região. Haverá muita gente vindo de fora, aumentará a prostituição, a marginalização e a violência.

Por isso, QUEREMOS DIZER AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA QUE NÃO QUEREMOS BARRAGEM NO RIO XINGU, porque vai ser a destruição das nossas vidas. Pedimos que o presidente venha conhecer a nossa realidade e o futuro que nos espera. Que nos escute, é o que pedimos. Respeite as nossas decisões comunitárias. Que olhe com mais carinho para o nosso Pará. Que Hidrelétrica não trás futuro para o povo do Pará. O Que queremos é asfalto e recuperação da transamazônica e suas vicinais para escoamento da produção. Em vez de construir hidrelétrica que faça bons hospitais, excelente escolas e invista em agricultura familiar sustentável. Discuta novas fontes de energia sustentável para a nossa região em vez da utilizar a água como fonte de energia. Queremos lembrar que o nosso Rio Xingu é um Rio caudaloso e que o período de estiagem dura até 6 meses. Queremos dizer a você Presidente que em vez de barragem queremos a legalização das terras indígenas, das terras da margem direita do Rio Xingu, das comunidades dos remanescentes de Quilombolas do Rio Xingu e a consolidação dos PAs e UCs existentes já que os mesmo não conta com 30% naquilo que esta contido no programa de reforma agrária, pois entendemos que reforma agrária não se dar em apenas distribui as terras. Que olhe pelo social, cultural e ambiental das pessoas especialmente dos educandos do Rio Xingu. Queremos dizer que votamos em você Presidente para ser lembrado e não esquecidos e abandonados. Que tenha mais respeito pela população do Rio Xingu. Por isso, NÃO QUEREMOS A BARRAGEM DE BELO MONTE E SIM QUEREMOS O XINGU VIVO PARA SEMPRE.

Assim reafirmamos o nosso compromisso com o Rio Xingu e GOSTARIAMOS QUE O XINGU FOSSE melhor ainda, cheio de peixe, liberto, sem poluição, sem barragem, com recurso maravilhoso. Que permaneça a floresta que ainda existe, com ar puro, como fonte de vida, como melhoria das futuras crianças. Que deixe o Rio como Deus nos deixou. Preserve as matas, igapós, igarapés e vázeas. Que os governos garantam recurso para trabalhar a conscientização e capacitação sobre a água potável e energia para todos com a conscientização dos próprios movimentos sociais. Que os governos, especialmente o municipal tenha recurso para fazer campanhas de preservação do meio ambiente e fiscalização nos barcos sobre a coleta e o destino do lixo. QUEREMOS o Rio Xingu preservado, como futuro da humanidade, como riqueza que faz parte e sustento de nossas vidas.